álvaro campos
Do Oriente, em Opiário, escreve:Eu acho que não vale a pena ter
Ido ao Oriente e visto a Índia e a China....
Por isso eu tomo ópio. É um remédio.
Sou um convalescente do Momen
Menos objetivo que o mestre, porém, deixa de lado a sensação plácida de Reis e pura de Caeiro e centra-se sobre o sujeito, caindo no que viria a ser a consciência do absurdo, a experiência do tédio e da desilusão. De tão nervoso e emotivo, por vezes chega à histeria.
Do tédio, em Adiamento:
Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã... Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...Em Tabacaria, define sua desilusão em relação a si mesmo e ao mundo nos versos:Não sou nada.
Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...Em Tabacaria, define sua desilusão em relação a si mesmo e ao mundo nos versos:Não sou nada.
Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Álvaro de Campos é um dos heterónimos mais conhecidos de Fernando Pessoa. Este fez uma biografia para cada um dos seus heterónimos e, de Álvaro de Campos declarou: «Nasceu em 15 de Outubro de 1889, em Tavira, teve uma educação vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Agora está aqui em Lisboa em inactividade.»
Era um engenheiro de educação inglesa e origem portuguesa, mas sempre com a sensação de ser um estrangeiro em qualquer parte do mundo. Pessoa disse também em relação a este