Álvaro de Campos

556 palavras 3 páginas
 Álvaro de Campos, a refletir a insubmissão e rebeldia dos movimentos vanguardista da segunda década do século XX, olha o mundo contemporâneo e canta o futuro.
 Álvaro de Campos é o poeta, que, numa linguagem impetuosa, canta o mundo contemporâneo, celebra o triunfo da máquina, da força mecânica e da velocidade. Dentro do espírito das vanguardas, exalta a sociedade e a civilização modernas com os seus valores e a sua “embriaguez”.
 Diferentemente de Caeiro, que considera a sensação de forma saudável e tranquila, mas rejeita o pensamento, ou de Ricardo Reis, que advoga a indiferença olímpica, Campos procura a totalização das sensações, conforme as sente ou pensa, o que lhe causa tensões profundas.
 Como sensacionista, é o poeta que melhor expressa as sensações da energia e do movimento, bem como as sensações de “sentir tudo de todas as maneiras”. Para ele a única realidade é a sensação.
 Em Campos há a vontade de ultrapassar os limites das próprias sensações, numa vertigem insaciável, que o leva a querer “ser toda a gente e toda a parte”. Numa atitude unanimista, procura unir em si toda a complexidade das sensações.
 O desassossego de Campos leva-o a revelar uma face disfórica, a ponto de desejar a própria destruição. Há aí a abulia e a experiencia do tédio, a deceção, o caminho do absurdo.
 Incorporando todas as possibilidades sensoriais e emotivas, apresenta-se entre o paroxismo da dinâmica em fúria e o abatimento sincero, mas quase absurdo.
 Depois de exaltar a beleza da força e da máquina por oposição à beleza tradicionalmente concebida, a poesia de Campos revela um pessimismo agónico, a dissolução do “eu”, a angústia existencial e uma nostalgia da infância irremediavelmente perdida.
 Na fase intimista de abulia, observa-se a disforia do “eu”, vencido e dividido entre o real objetivo e o real subjetivo que leva à sensação do sonho e da perplexidade. Verifica-se, também. A presença do niilismo em relação a si próprio, embora reconheça ter

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