´Resenha do livro Os Lusíadas
Um choque de mundos distintos e suas imprevisíveis consequências sociais. Abarcando este processo, o conceito de alteridade figurando como protagonista principal do filme em discussão, na grande seara de conceitos antropológicos que a película nos convida a analisar. A começar por um pout-pourri de comportamentos urbanos e suas diversas especificidades, centradas principalmente na idéia do tempo como mestre condutor de nossas ações sociais. Inseridos neste contexto, uma jovem professora, que se mostrando infeliz com esse status quo social, intrínsecos a vida urbana, rompe com tais dogmas sociais e decide sair a campo em busca de novos mundos e novas experiências.
Em sua espinha dorsal, o filme deflagra a experiência do homem urbano em contato com um outro nativo, estrelado no filme por um bosquímano do Kalahari, de nome Xixo. Primitivo sob um olhar ocidental, com um viés Rousseauniano em sua concepção, vive em pleno estado de natureza na selva Africana, livre do “pecado” civilizatório e das “degenerações” sociais que a vida moderna nos traz. Como centelha de transformação de seu ethos, bem como dos integrantes de sua tribo, entra em cena um dos maiores símbolos capitalistas presentes em nosso mundo ocidental. Materializado em uma garrafa de Coca-Cola, caída de um avião que sobrevoava o território Kalahariano, que atingindo em cheio a cabeça de uma criança nativa, consegue abalar as consciências de todos da tribo, revirando seu modus operandi social e sua maneira de enxergar seus códigos morais individuais em função do grupo. A partir daquele instante, em que o misterioso artefato é encarado como um presente dos Deuses pelos nativos, o conflito entre os seus pares se inicia, já que o frasco não pode ser dividido por todos. Começam então a experimentar sentimentos que até então desconheciam em seus códigos comportamentais, tais como raiva, inveja e até mesmo a violência. Eis a pedra de toque do filme: o ideal da propriedade privada