O velho n o faz mais nada
Neste texto o autor discute sobre qual é a posição do idoso na velhice, como ele se sente e o que quer se dizer com o velho não faz mais nada....E o que isso representa? Podemos dizer que esse enquadre tem consequências específicas para o idoso, que rapidamente encarna a figura de velho, de absoleto, improdutivo.
A autora tenta mostrar o que esse não fazer mais nada representa, retratando alguns casos de idosos que moram em asilo, ou em suas próprias casas.
Mateus ,com 88 anos sempre dizia:...”O velho não faz mais nada, já trabalhei muito na vida, já criei todos os filhos. Hoje está tudo moço, forte, trabalhando, agora é a vez deles trabalharem...”Para ele a parte de não fazer mais nada estava relacionado em trabalhar, encaminhar sua família ,isso no seu ponto de vista já estava concluído, mas Mateus adorava participar de todos os grupos do asilo, e fazia questão de controlar o movimento do lar, que para ele devia ser um modo de se sentir útil para o asilo, mesmo com tantas atribuições e atividades, ele discursava sobre o não fazer que ele fazia. Ele incluía-se no enunciado, pois morava naquele “lugar de velhos” e excluía-se quando dizia que “eles não querem fazer mais nada”.
Podemos pensar aqui o quanto uma instituição asilar pode representar, mesmo que inconscientemente, para os sujeitos que lá moram, antecipação da morte: lugar de seres que não fazem mais nada, seres que estão desaparecendo. Goethe observou certa vez, que envelhecer é “desaparecer gradualmente”. Hannah Arendt comentava que, para os vivos a morte é antes de mais nada, o “des-aparecimento”,e que há um aspecto da morte no qual é como se ela aparecesse entre os vivos: na velhice. Podemos pensar que um lugar de velhos pode significar um lugar de morte? De que morte se trata? Podemos aqui pensar a relação do sujeito com o objeto perdido, no caso a melancolia.
Estamos falando da melancolia que surge num discurso do não fazer mais nada e num “lugar” que não se faz mais nada.