Teatro
PEÇA EM DOIS ATOS
NELSON RODRIGUES
Distribuído através do site www.oficinadeteatro.com
Para uso comercial, pedimos a gentileza de entrar em contato com o autor ou representante!
www.oficinadeteatro.com
APRESENTAÇÃO
O êxito de Vestido de Noiva inspirou a Nelson todas as audácias. Se ele fosse um autor acomodado, daria por encerrada a contribuição no caminho da pesquisa, escudando-se num gênero mais facilmente assimilável. O próprio Nelson confessou: “Vestido de Noiva teve o tipo de sucesso que cretiniza um autor. Parti para Álbum de Família, que é um anti-Vestido de Noiva. O teatro é mesmo dilacerante, um abscesso. Teatro não tem que ser bombom com licor.” Com Álbum de Família (1945), o dramaturgo ingressou no território mítico. Depois do subconsciente, cabia sondar o inconsciente primitivo. Essa exploração prosseguiu em Anjo Negro (1946) e Dorotéia (1947). Álbum nem chegou ao palco, na ocasião, em virtude do veto da Censura, só estreando duas décadas mais tarde. Anjo Negro teve um êxito de estima e Dorotéia, montada em 1950, foi um indisfarçável malogro. Muita gente pensou que se tinha apagado a estrela do autor. Ë possível que o divórcio da crítica e da platéia, que não acompanharam sua ousadia, obrigasse Nelson a tornar-se mais cauteloso. Essa eventual circunstância, ligada a outras, fez que ele escrevesse, em 1951, o monólogo Valsa n.0 6. Outro possível antecedente da elaboração da peça foi o grande êxito popular que Pedro Bloch obteve, no ano anterior, com o monólogo As Mãos de Euridice. Por que não enfrentar também o gênero, só que abolindo nele as convenções tradicionais e injetando-lhe verdadeira ambição artística?. Nelson tinha ainda outra motivação, muito ponderável: com um monólogo, de montagem pouco dispendiosa, estaria propiciando o lançamento como atriz de sua irmã Dulce Rodrigues. Em entrevista que me concedeu, publicada no Diário Carioca de 6 de agosto de 1951 (dia seguinte à estréia), Nelson contou como nasceu a idéia do