O tráfico de mulheres: Notas sobre a “Economia Política” do sexo – Gayle Rubin
A presente resenha se propõe analisar o texto de Gayle Rubin - O tráfico de mulheres, que é parte fundamental da literatura contemporânea sobre a questão da opressão da mulher e dos estudos feministas atuais. Este texto que foi escrito em 1975, por esta antropóloga americana, suscitou questões sobre a validade ou não das análises até então existentes sobre tais questões. Nesse texto, a autora dialoga diretamente com o marxismo e com os autores, que escrevendo a partir de suas fundamentações, tentaram explicar a origem e natureza da opressão das mulheres. Além do diálogo com o paradigma marxista, a autora passa pelos estudos estruturalistas de Lévi-Strauss e psicanalíticos de Freud que passam a fornecer instrumentos conceituais para sua análise. Essa “mistura” teórica e metodológica, ainda que pareça estranha, se propõe lançar luz a uma lacuna que se apresenta nos estudos marxistas sobre a desigualdade entre os sexos.
O entendimento do momento histórico em que foi escrito o texto é bastante relevante para sua compreensão, principalmente, no que diz respeito à crítica feita à teoria marxista – que se encontrava em seu momento de paradigma hegemônico, tanto nos meios acadêmicos, como nos grupos e organizações políticas. Além disso, entender o contexto possibilita ter maior clareza sobre os fundamentos e anseios, sob os quais se pautavam a luta política dessas mulheres e do movimento feminista.
Na entrevista dada à Judith Butler, outra importante autora nos estudos feministas, a autora conta que a concepção do texto faz parte da “segunda onda” dos estudos feministas, oriundos da vivência política dessas mulheres no final da década de 60 e do cenário político vivido nos anos 70, ela cita o movimento contra a guerra no Vietnã e o imperialismo norte-americano. Neste momento, o paradigma que orientava a análise e prática política era o marxismo, tanto nas universidades como nos