O trabalho escravo em Pelotas
*Claudio Corbo.
Foi José Pinto Martins, em 1780,quem instalou a primeira charqueada na região, localizada, a margem direita do arroio Pelotas, em parte dos terrenos de Manoel Carvalho de Souza, cedidos no ano de 1779 pelo governador da Capitania do Rio Grande, José Marcelino de Figueiredo; isto ocorreu após a tentativa de excito por parte de Pinto Martins em seus negócios de fabricação de carne seca na vila de Rio Grande a partir de 1777, ano em que ele veio do Ceará.
Para a indústria de charque prosperar, era necessário que houvessem pessoas que executoras do trabalho pesado, em pleno período de escravidão, os escolhidos para serem a força de desenvolvimento econômico das charqueadas foram os negros, é nesse momento no qual o tráfico negreiro para o Rio Grande do Sul passou a ser de suma importância.
Desde que foram trazidos para o extremo Sul no final do século 18, os negros passaram a representar em média mais de 30% do total da população da região, sendo que no ano de 1814 a população local era formada por 2.275 indivíduos sendo 1.226 escravos. Essa mão de obra foi dividida durante o ciclo do charque entre os escravos qualificados e os desqualificados.
Na época da safra do charque, os escravos tinham uma jornada de trabalho próxima às dezoito horas diárias, trabalhavam como carneadores, salgadores, graxeiros e tripeiros; já nos períodos de entressafra que eram de aproximadamente seis meses anuais, grande parte dos escravos qualificados eram deslocados para as olarias, para a fabricação de telhas e tijolos, e construção das obras arquitetônicas do centro de nossa cidade.
Os escravos qualificados eram os que estavam inseridos no processo de produção do charque, a maioria entre os cativos. Os sem qualificação realizavam todos os outros tipos de serviços,