“O século de schnitzler: a formação da cultura de classe média 1815-1914 peter gay
Cap. 1: Burguesia(s)
Fazendo uso do diário de Arthur Schnitzler, um judeu frequentador “da boa sociedade de classe média judia, isto é, as sua própria”, morador de Leopoldstat, em Viena, Peter Gay busca fornecer uma panorâmica sobre o modo de vida burguês.
Primeiramente, tende a mostrar as excursões – feitas por Schnitzler – entre as camadas inferiores e superiores, mostrando uma realidade social mais ampla. Para só então, afirmar que isso constitui uma característica importante da vida urbana do séc. XIX: “a numerosa, diversificada e profundamente dividida burguesia vitoriana” (termo vitoriano = civilização ocidental).
Deste modo, Peter Gay nos leva a contemplar uma sociedade dividida não só em nobreza, burguesia, povo e plebe, mas também, com necessidade de subcategorias, já que os conflitos internos eram constantes. Na burguesia isso se dava de maneira mais intensa, principalmente por questões econômicas, mas também por agendas religiosas, convicções intelectuais, competição social e o devido lugar das mulheres na sociedade. (exemplos dados pelo autor: tarifas, distribuição de favores do governo, apoio estatal a escolas, traçado de redes ferroviárias)
“A profundidade de tais cismas nos leva a duvidar de que sequer fosse possível definir a burguesia como entidade.” Entretanto, como não é possível estudar caso a caso, todos os indivíduos do período, torna-se inconcebível não pensar em generalizações.
Nos principais Estados europeus era possível encontrar designações para parcelas diferentes da burguesia (vide pág. 28), contudo, percebe-se uma fluidez social, principalmente no que se refere a alcançar um patamar de nobreza com a consenção de títulos. Segundo Peter Gay, “entre os profissionais liberais, burgueses talentosos – pintores, professores eminentes, naturalistas – fizeram carreira e fora da hierarquiae econômicas familiares, atingindo posições de prestígio que