O Surgimento da História como Disciplina
Fonseca (2003) nos relata que “As mudanças operadas no ensino da história nas últimas décadas do século XX ocorreram articuladas às transformações sociais, política e educacionais de uma forma mais ampla, bem como àquelas ocorridas no interior dos espaços acadêmicos, escolares e na indústria cultural” (p. 15).
Portanto, ao discutirmos o ensino de história na atualidade, não podemos deixar de pensar nos processos formativos que se desenvolvem nos espaços, nas fontes e formas de educar cidadãos, bem como em uma “sociedade complexa marcada por diferenças e desigualdades” (idem). “Até se tornar uma ‘matéria de pleno direito’, a História foi um simples anexo do ensino do Latim” (BATISTA NETO, 2000, p. 18). O processo que culminou com a transformação da História em uma disciplina “ensinável” ocorreu primeiramente na França, dentro do contexto das revoluções burguesas do século XVIII, pelo qual esta classe reivindicava a escola pública, gratuita, leiga e obrigatória (SCHMIDT e CAINELLI, 2004).
Dentro desse contexto, o paradigma positivista atribuiu à História seu método de análise dos fatos chamados de “históricos”.
Batista Neto (2000, p. 17) relata que “o ensino de História, tal como o conhecemos hoje, resulta de um longo e tortuoso processo marcado por tensões e confrontos entre grupos e perspectivas científicas e educacionais”. O mesmo autor aponta que “no plano do ensino da História, enquanto uma orientação mais "científica" não afirmou-se, predominou a prática pedagógica pela qual a disciplina tinha por função difundir a moral religiosa católica, função que se buscava conciliar com o papel civilizatório e formador de identidade nacional e da cidadania que a disciplina tinha a desempenhar” (2000, p. 18).
Tivemos então, como resultado disto, a organização dos estudos da História nas escolas em duas "histórias", com sentidos diferenciados: “uma sagrada, na qual os fatos