O SUJEITO, A IDEOLOGIA, O SENTIDO E AS FASES DA ANÁLISE DO DISCURSO
DISCURSO1
Como se sabe, a Linguística, para se efetivar como ciência, à luz da teoria saussuriana, “langue” versus “parole”, exclui o sujeito das discussões. Tal exclusão acontece porque o mestre genebrino afirma ser a língua (o sistema de signos) o objeto da
Linguística. A fala, por ser do âmbito do indivíduo, não deve ser o objeto de uma ciência.
É na língua que é possível se examinarem as relações internas do sistema.
Essa fase, de acordo com Brandão (1994), corresponde à subjetividade cartesiana, segundo a qual a língua é representação do real; a subjetividade é fundante do conhecimento. “A subjetividade passa a funcionar como uma máquina de reconhecimento e de produção do saber” (BRANDÃO, 1994, p. 16). Tal como propõe essa filosofia - a cartesiana - há uma separação entre o sujeito e o objeto. Com efeito, o objeto passa a ser representado pelo sujeito. Este, por sua vez, atribui sentido àquele. Ainda segundo Brandão
(1994, p. 17): “[...] as operações separadoras feitas pelo entendimento classificatório são ditadas pelo desejo da transparência e da identidade das coisas”.
Essa perspectiva ainda continua por muito tempo e é corroborada pelo gerativismo chomskyano. Com a teoria gerativo-transformacional, observa-se a frase como o limite da extensão do objeto da Linguística. Nela não há liberdade, pois as relações são tidas como fazendo parte de uma estrutura. “O sujeito é reduzido a uma mera posição estrutural”
(INDURSKY, 1998, p. 113).
E, mesmo no interior da Linguística Textual, há um vestígio desse aprisionamento do sujeito às estruturas, principalmente, em relação às duas primeiras vertentes dessa área do saber, no que diz respeito à coesão textual, responsável pela produção de sentido no nível da sintaxe. Como bem discute Indursky (1998, p. 115):
Os linguistas textuais passaram da frase para o texto. Tal passagem se deu dentro da mais estrita observância dos princípios da