O stress
Stress – Respostas fisiológicas e fisiopatológicas
Stress – Respostas fisiológicas e fisiopatológicas
Marta L. Tavares*, José M. Soares-Fortunato** e Adelino F. Leite-Moreira***
Resumo O stress e as suas manifestações têm vindo a receber uma atenção cada vez maior pela morbilidade e mortalidade a que são associados. Conhecer os seus mecanismos é o primeiro passo para o estabelecimento de condutas terapêuticas eficazes e para delinear as estratégias de investigação no futuro. Neste artigo pretendemos abordar de forma global e integrada, mas ao mesmo tempo clara, os diversos mecanismos fisiológicos e moleculares relacionados de forma directa ou indirecta com o stress, esclarecendo conceitos antigos e revendo os conhecimentos mais contemporâneos sobre o assunto.
INTRODUÇÃO O estudo do comportamento e da reacção do organismo aos estímulos externos tem sido desde sempre alvo de interesse por parte do homem, desde as explicações míticas milena-
* Monitora; ** Prof. Associado, Director do Serviço; *** Professor Auxiliar no Serviço de Fisiologia da Faculdade de Medicina do Porto
Vol. 2, nº 2, Jul/Dez 2000
res, passando pela concepção Galénica organicista de lesão ou do dualismo Cartesiano. À medida que o conhecimento científico evoluiu, a marcha para a sistematização orgânica de qualquer desiquilíbrio, entenda-se, uma resposta inadequada do indivíduo a um agente agressor, tem adquirido progressivamente fundamentos fisiológicos mais sólidos e fundamentados até ao despontar do que hoje é já um campo bem estudado da ciência, a Medicina Psicossomática. Hoje reconhecemos em Cannon o primeiro grande fisiologista que apontou os sistemas neuroendócrino e nervoso como importantes intervenientes em reacções emocionais como o medo, a ansiedade ou a cólera, baseado na relação que estabeleceu entre estes estados e as alterações orgânicas que concomitantemente eram observadas. Mais tarde,