Desde o início, o continente americano surgiu, aos olhos dos europeus, como um Novo Mundo, uma terra de oportunidades infinitas. Os poderosos viam aí a possibilidade de efetuarem conquistas e constituírem ou alargarem impérios. Os desafortunados e perseguidos, que pretendiam paz, liberdade e tolerância religiosa, viam nas Américas a possibilidade de escaparem à ordem social do Velho Continente, que os rejeitava e humilhava. Para todos, a América representava a esperança de um engrandecimento. Na perspetiva de certos grupos religiosos, nomeadamente os Puritanos, a América era a Terra Prometida, destinada por Deus para seu proveito. Era um território selvagem, e portanto puro, embora por vezes adverso, uma dádiva divina aos eleitos. Porque selvagem, a América era ainda uma hipótese de recomeço, um novo Paraíso. Os peregrinos do Mayflower, que em 1620 estabeleceram a primeira colónia em território norte-americano, eram Puritanos. Por outro lado, a América foi também vista como o espaço onde se podia ensaiar a utopia. Representava a oportunidade de se criar uma sociedade justa, fraterna e tolerante, sem opressão. Este ideal, com uma componente mais ou menos religiosa, foi assumido pela cultura dos Estados Unidos da América e é, de há muito, um dos seus elementos fundamentais. Reflete-se na Declaração de Independência desse país (que afirma a igualdade dos homens e certos direitos inalienáveis, o direito à vida, à liberdade e à procura da felicidade), no hino nacional (que fala na "terra da liberdade"), na literatura, na música popular, etc. Ao longo dos séculos, foi esta ideia de oportunidade, que tanto prometia satisfazer a ânsia de riqueza como o desejo de liberdade, que motivou milhões de pessoas a emigrar (da Inglaterra, da Irlanda, da Itália, da Rússia, da China, da própria América Central e de tantas outras paragens) para os Estados Unidos. O que lá encontraram, porém, nem sempre correspondeu às suas