O socialismo no século xx
Na Rússia, o movimento surge dividido – do mesmo modo que toda a intelligentsia russa – entre tendências ocidentalizantes e eslavófilas. Os ocidentalizadores pressupunham que o dever dos socialistas consistia em acelerar o desenvolvimento do capitalismo, porque só o capitalismo poderia propiciar o terreno para um posterior avanço rumo ao socialismo. Os eslavófilos supunham que a Rússia seria capaz de saltar o capitalismo de estilo ocidental. Populistas anticapitalistas – como V. Bervi-Flerovski, autor de A Situação da Classe Operária na Rússia (1869), um livro muito admirado por Marx – sustentavam o ponto de vista de que o mir, a comuna camponesa russa, proporcionava princípios comunais que podiam e deviam se tornar universais. A Rússia poderia evitar as iniqüidades do capitalismo e oferecer ao resto do mundo o exemplo de um sistema social superior baseado na solidariedade e cooperação nacional. Esta miragem de alcançar e ultrapassar o Ocidente permaneceu como traço fundamental de quase todas as crenças revolucionárias russas. Um século depois, o abandono desta "Grande Idéia"