O socialismo no século XX
A estratégia essencialista segue a maneira weberiana convencional. O socialismo é um tipo ideal, deduzido empiricamente das atividades ou idéias daqueles que são vistos comumente como socialistas. Uma vez construído o conceito, ele pode ser utilizado historicamente para avaliar organizações políticas concretas, seus ativistas e pensadores, verificar em que medida eles se ajustam ao tipo ideal, por que e quando eles divergem entre si, e considerar comportamentos excepcionais. Este procedimento, de grande valor heurístico, ainda é largamente aceito e muito usado, embora seu rigor teórico seja altamente duvidoso, já que a análise se baseia numa seleção algo arbitrária das organizações "socialistas" e indivíduos utilizados para produzir o conceito ideal-típico de socialismo.
Este procedimento tem uma desvantagem adicional, já que, estritamente adotado, ele não leva em conta a mudança histórica. Uma vez definido o tipo ideal, não é fácil integrar novos elementos a ele. Entretanto, a vida deve continuar, mesmo na sociologia. Assim, quando algo novo aparece, tal como uma interpretação revisionista, tudo que se requer é colocar o tipo ideal sobre a mesa de operações, remover – se necessário – os traços que não se ajustam mais e inserir novos. Então rejuvenescido, o conceito de socialismo pode seguir adiante, enriquecido com novos significados; os cientistas sociais, munidos de um tipo ideal cuidadosamente recondicionado, adquirem um novo sopro de vida, produzem mais livros sobre o novo socialismo e deixam os editores acadêmicos felizes.
Alternativamente, os sociólogos podem defender o tipo ideal antigo, afirmar que as novas revisões são incompatíveis com ele e declarar o socialismo morto. Eles podem escrever mais livros sobre a morte do socialismo e deixar os editores acadêmicos ainda mais felizes.
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