O silêncio
Um grito de revolta atinge o coração dos brasileiros em território nacional e internacional.
Pessoas refugiam-se do medo e da violência nos países europeus e sujeitam-se ao desconhecido por um pouco mais de respeito, de conforto e de futuro.
Caberia a quem garantir o direito destes homens e mulheres insatisfeitos? Restaria fazer o que por um país sem rédeas?
A verdade é que discutimos sobre os agentes e suas práticas. Discutimos sobre as fraudes e as
CPIs e não lembramos o que é vital a toda esta bagunça: a democracia. O silêncio sobre a democracia é anterior à minha memória. Lendo Saramago, percebi o quão profundo e escuro é esse terreno. A morte da justiça. Este é o tema pelo qual Saramago percorre em seis páginas de um conto: Este mundo da injustiça globalizada. Este mundo da injustiça globalizada! Este mundo da injustiça globalizada? Vejamos melhor isso.
Os recursos escassos sempre levaram o ser humano a viver em competição. Competíamos por carne, por abrigo, pela vida. Passamos então a competir por casas, por carros, por cargos. Por histórias, por tecnologia, por status. E mais e mais competimos com nossos vizinhos, com nossos colegas de trabalho, com os países do MERCOSUL, do BRIC, do Norte ao Sul do globo.
Globalizamos a competição e também a trapaça. Globalizamos a competência e aniquilamos a colaboração. Trabalhamos em equipes de mil e projetamos o sucesso de um. Aquela velha ideia de justiça, não referida às leis e ao papel do judiciário (que já não é exemplo para ninguém), aquela justiça dos nossos avós, de não pegar o que não é seu, de colocar de volta no lugar, de saber e ousar dizer apenas a verdade. Essa justiça, inerente e natural do ser humano, vinculada às práticas que delimitam nosso dia a dia parece