O show de truman
No entanto, logo descobrimos que esta aparente vida perfeita, na verdade, desdobra-se num grande cenário, onde tudo não passa de uma grande encenação para um reality show transmitido 24 horas por dia desde o nascimento de Truman e ele é o único que não sabe disso. Sua casa, seu trabalho, seu melhor amigo, seus pais e até sua esposa não passam de uma grande farsa transmitida ao vivo.
Logo no começo do filme vemos o diretor do reality show, Christof, dizer que na vida de Truman não há encenações, “deixas” ou roteiros, as emoções são todas reais. Afinal, conclui ele, “nem sempre é Shakespeare, mas é genuíno... é a vida dele”. E então nos perguntamos, será que uma vida de aparências pode ser dita como genuína?
Noutro momento o melhor amigo de Truman, também um ator, diz numa entrevista: “É tudo verdade. É tudo real. Nada aqui é inventado, nada do que virem neste filme é falso. É apenas controlado”. E mais uma vez nos perguntamos: Se tudo é controlado e manipulado, sendo que Truman está sendo totalmente ludibriado desde o seu nascimento, podemos chamar a sua vida de real?
Analogamente lembramos-nos da Alegoria da Caverna, relatada no Livro VII da República de Platão, onde três prisioneiros são mantidos acorrentados, com suas cabeças voltadas para o fundo de uma caverna, desde que nasceram, em completa alienação quanto a vida externa. Tudo o que conhecem é o que lhes é apresentado perante sombras refletidas na parede, provindas de uma fogueira entremeio a eles e a saída da caverna. Esta é a única realidade