O ser e o ter
Consumo, segundo o antropólogo argentino Nestor Canclini, pode ser definido como o conjunto de processos socioculturais nos quais se realizam a apropriação e os usos dos produtos para atender às necessidades de sobrevivência humana.
A atividade de consumir passou a ser o ponto central da existência humana quando a capacidade de 'querer', 'desejar', 'ansiar por' e, particularmente, de experimentar tais emoções repetidas vezes passou a sustentar a economia mundial. Inúmeros autores dedicaram seu tempo a estudar o fenômeno da globalização e sua relação com o consumo. Destacamos, em especial, o geógrafo brasileiro Milton Santos que considera a existência de pelo menos três mundos num só. Quais seriam esses três mundos e como se dá o fenômeno do consumo neles, é um dos temas do livro Por uma outra globalização: do pensamento único a consciência universal.
A publicidade e a propaganda assumem papel determinante nesse modelo global de mercado. Nesse contexto, a produção passa por transformações que alteram a maneira como o sujeito se relaciona com os outros, consigo mesmo e com a mercadoria. Essa última relação é abordada por Carlos Drumond de Andrade, no poema Eu, Etiqueta. As palavras do poeta tão bem dispostas levam a reflexões importantes que culminam na pergunta: Você é uma coisa?
A Marca é o que importa
"Ela é que define a compra. Ela é que determina a escolha. É a marca que se compra e não o produto. Seu poder captura quem pode comprar e quem não tem a menor condição de adquiri-la. Promove verdadeiros cultos obsessivos e estimula o consumismo desenfreado." (Daniela Lot)
Daniela Lot, no texto O (im)poder das marcas afirma que as marcas emergem como fundamento do consumo, essência do capitalismo, característica de uma sociedade das aparências. As marcas, e o marketing que fariam delas o que são, funcionariam como instrumentos de persuasão das grandes corporações, controle social e homogeneização. Mas se o mundo dos logos parece adquirir cada vez