O selvagem da ópera
Contextualizando, “O Selvagem da Ópera” (1994) de Rubem Fonseca é descrito como uma mescla de argumento cinematográfico, romance e biografia. “'O selvagem da ópera' tem como protagonista o compositor Antônio Carlos Gomes, autor de O guarani e de outras óperas hoje esquecidas, (...) Acompanhando sua trajetória em capítulos breves, Rubem Fonseca leva o leitor à segunda metade do século XIX, revelando desde os bastidores da Corte no Rio de Janeiro, na qual o jovem e talentoso músico ganha os favores do imperador-mecenas (...) até sua conquista do mundo operístico italiano.” Para além disto, o retrato histórico do indígena Brasileiro é extremamente relevante.
O excerto retirado da obra, faz referência a uma destas óperas, o narrador trata de questões relacionadas à construção identitária na arte brasileira, mais especificamente o vestuário indígena e a representação romantizada deste.
Este excerto é um exemplo da questão da representação do indígena através de uma visão romantizada, o desejo de afirmação como nação individual que possuí história e uma cultura que vale a pena ser representada (ainda que numa ópera, tendo sido claramente inspirada na cultura europeia) “... Peri é um índio, os índios são glabros. Eles não têm pêlos no rosto!” e por fim, o público desta ópera - europeus “ O guarani irá estrear nella stagione di Carnevale-Quaresima.”
Os europeus tinham uma imagem preconcebida dos índios através de depoimentos históricos que nem sempre correspondiam a realidade, para eles, o selvagem brasileiro era esbelto, glabro (não apresentam pêlos), e tinha a pele vermelha “...não importa o fato de Villani ser gordo, possuir pele clara e uma imagem física oposta àquela que os europeus fazem de um selvagem.”. Além disso, andavam sempre expostos – a nudez vista como uma metáfora para a inocência e ingenuidade dos índios que passou a ser não tão bem vista como dantes “Peri, menos para esconder as banhas do tenor do que para atender aos