O Segredo de Seus Olhos São filmes assim que nos levam (ou pelo menos a mim) a compreender o porque o cinema brasileiro, apesar de boas bilheterias não alcança o status e respeito no mundo afora como o Argentino. Enquanto entupimos as salas de cinema para ver Caveirões invadindo favelas nossos hermanos exploram sentimentos mais profundos. A produção Hispano-Argentina 'O Segredo de Seus Olhos', ganhadora do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, derrotando o favorito alemão 'Fita Branca' (também sensacional, porém mais denso e menos claro) é simplesmente primoroso. A história conta a história de Benjamín Espósito que após trabalhar a vida toda num Tribunal Penal encara a aposentadoria. Sem esposa ou amigos decide escrever um romance baseado num acontecimento por qual passou em seu tempo de investigador. Em 1974, ele foi encarregado de investigar um violento assassinato e são os meandros da Justiça (que assim como cá parece permitir grandes descalabros) e o momento político pelo qual passava a Argentina na época que carregam de suspense a investigação que se perdura por muito tempo. Ao resgatar a trama policial, Benjamín irá confrontar sua paixão antiga e terá de refletir equívocos passados e decisões a serem tomadas. No entanto a sinopse acima é simplista diante da variedade de histórias que ocorrem no filme, mas essas descobertas tem de feitas por cada um e o filme descortina cada uma delas. E o filme realiza a conexão entre elas de um jeito preciso que não permite que o espectador se perca e muito menos perca o interesse. A tensão permanece no ar por quase todo o filme e o diretor Juan José Campanella segura a atenção do que assiste com extrema proeza. A fotografia fantástica do filme, por Felix Monti (argentino, mas nascido no Brasil) nos faz entrar no filme, sentir aquele espaço e participar quase que interativamente da trama. Também é graças a ele e sua equipe que temos umas das cenas mais espetaculares do cinema, talvez de todos os tempos. Um plano-sequência*