resenha segredo olhos
Rafael Teodoro
“O Segredo dos Seus Olhos”, dirigido pelo argentino Juan José Campanella, é uma das mais sofisticadas e surpreendentes produções da história recente do cinema.
Muitos são os aspectos elogiáveis em “O Segredo dos Seus Olhos”, filme do diretor argentino Juan José
Campanella. O roteiro complexo, com permanentes digressões entre passado e presente, a excelente interpretação dos atores, a bela fotografia, a trilha sonora comovente assinada pelos compositores Federico Jusid e Emilio Kau-de-rer, o antológico plano-sequência no estádio de futebol. São aspectos técnicos, já amplamente incensados pela crítica, que colocam essa película, com todo o mérito, não só entre as mais sofisticadas produções do cinema latino-americano como entre o que de melhor já se fez na história da cinematografia recente em nível mundial. Assim, a considerar a merecida ovação da crítica, meu estímulo em escrever sobre esse filme dá-se menos pelas suas indiscutíveis qualidades de técnica cinematográfica que pelas ricas possibilidades de interpretação da sua narrativa. Sobretudo me encanta tratar de dois elementos específicos da obra: a defesa da imutabilidade da paixão e a vida vazia que se segue como consectário ao temor de amar.
A paixão, este sentimento de intensidade forte, arrebatadora, surge em “O Segredo dos Seus Olhos” de maneira inicialmente tímida. De fato, o mote da película argentina, a princípio, aparenta restringir-se ao gênero policial. Em 1974, a bela e jovem Liliana Colotto (Carla Quevedo) é estuprada e assassinada por um homem misterioso. Benjamín Espósito
(Ricardo Darín), servidor público do Fórum Criminal de Buenos Aires, é destacado para acompanhar as investigações do caso. Seria o início típico de um roteiro de filme policial não fosse por um detalhe: a trama alterna cenas do passado e do presente. Agora o ano é de 1999, Espósito já está aposentado. Com o tempo livre que sobra, planeja escrever um romance.
Sua ideia