O santo e a porca
Apesar de engraçado, o texto tem um fundo filosófico, o que não pode passar despercebido. O texto não se sustenta só com o riso, mas sobretudo pela visão crítica. Suassuna utiliza uma trama muito simples para tratar de algo mais complexo, como a relação do mundo material com o espiritual. O leitor deve perceber que o comportamento de Euricão lembra muito os conflitos barrocos de ordem religiosa. No entanto, esse conflito, inerente ao ser humano, chama atenção pelo fato de o personagem não desfrutar de sua riqueza.
Existe uma semelhança da personagem Caroba com Chicó, da obra O Auto da Compadecida. São dois miseráveis que vivem na astúcia, na inteligência e nas 'manobras' uma poderosa artimanha de sobrevivência. Deve-se atentar também para a busca da resposta de Euricão para a pergunta que faz ao constatar que o dinheiro que sempre guardou não vale mais nada:- Um golpe do acaso abriu meus olhos (...). Que quer dizer isso, Santo Antônio? Será que só você tem a resposta?. Ou seja, ou ele evolui e percebe que o dinheiro serve apenas como um 'meio' e não um 'fim', ou então regredirá mais ainda e jamais entenderá o que aconteceu, vivendo eternamente uma ilusão. Esse é o momento em que ele terá que escolher entre o discernimento e a loucura; entre o permanente e o efêmero.
Segundo o autor, O Santo e a Porca não é uma obra original sua, mas sim uma adaptação de Plauto, escritor latino do período antes de Cristo. Na peça Aululária, o protagonista é "Euclião", que encontra uma panela de ouro deixada por seu