O saber dos antigos
Terapia para os tempos atuais
Giovanni Reale
Edições Loyola
PREFÁCIO
Através dos fragmentos de Nietzsche e Platão fica nítido o caminho que o autor seguirá em seu livro. O primeiro apresenta o homem moderno como sendo fraco por não possuir ideais firmados, mas sim valores inconstantes e altamente mutáveis. Já Platão, em sua Apologia de Sócrates, ressalta a importância da alma, colocando-a como superior às riquezas, aos corpos e outros bens.
Reale evidência a complexidade dos males do homem atual, e diz que neste livro pretende não apenas ilustrar os tais males, mas também apontar sua fonte. Ainda, cita outros autores que usaram do mesmo objetivo como fio condutor de suas obras. George Orwell em seu 1984, por exemplo, representou na forma de uma gigantografia o mal do absolutismo encarnado no comunismo stalinista. O sistema vigente em sua sociedade destruía os valores humanos, colocando os personagens como escravos que viviam inteiramente em função desse Estado, e eram esvaziadas tanto de liberdade, quanto de qualquer consciência humana. Seu controle dava-se por meio do castigo e pelo medo do próprio. Aldous Huxley, também citado pelo autor, é outro que ao retratar em sua obra Admirável mundo novo uma sociedade totalitária, baseada no racionalismo cientifico e no produtivismo tecnológico, consegue mostrar os males provenientes disso, que neste caso aproximam-se mais das calamidades que vivenciamos hoje. São características da sociedade criada por Huxley: o apreço pelo progresso, a renúncia à liberdade e a repressão de certos valores como a verdade e a beleza.
Essa aproximação a teoria de Aldous Huxley acontece na medida em que a sociedade atual também é centrada em interesses materiais, tecnológicos e industriais, fazendo com que o homem fique empobrecido pelo incessante desejo de sucesso e dinheiro.
Giovanni Reale afirma: “Veremos como tudo isso (carência de ideais, perda dos valores supremos, ausência de Deus