O Rapaz de Bronze Era uma vez um jardim maravilho, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos. Havia nele roseirais, jardins de buxo e pomares. Ruas muito compridas, entre muros de camélias talhadas. E havia uma estufa cheia de avencas, onde cresciam plantas extraordinárias. Também nele existia um grande parque, com plátanos altíssimos, lagos, grutas e morangos selvagens. Havia um campo com trigo e papoilas e um pinhal, onde, entre mimosas e pinheiros, cresciam urzes e fetos. Ora, num dos jardins de buxo, havia um canteiro com gladíolos. Os gladíolos são flores muito mundanas. E aqueles gladíolos achavam que o melhor lugar e mais chique do jardim era esse jardim de buxo onde eles moravam. Mas os gladíolos gostavam muito de ser gladíolos pois achavam-se superiores às outras flores por viverem em jardins de buxos, por acharem que são mais bonitos, porque são colhidos e estão na moda! Os gladíolos admiravam secretamente as camélias mas não tinham muita consideração por elas: achavam que eram esquisitas e irritantes e que ao contrário deles eram vagas, sonhadoras, distantes e pouco mundanas. Admiravam elas por não terem perfume pois era uma grande originalidade. As flores por quem tinham realmente consideração eram as flores estrangeiras da estufa são aquelas que têm o nome escrito numa placa de metal atada ao seu pé. Mas as flores que os gladíolos amavam realmente e tinham uma admiração sem limites, eram as tulipas. Com elas chegavam a ser subservientes e punham de parte a sua vaidade. No coração de um gladíolo uma tulipa valia muito mais do que nas lojas da cidade (uma dúzia de tulipas vale uma fortuna). O único desgosto dos gladíolos era não serem tulipas. Porque as tulipas são caras, raras e muito bem vestidas. O seu feitio é exato e claro. As suas cores são ricas e sumptuosas. As suas pétalas são as pétalas mais bem cortadas e mais bem armadas que há no jardim. São descendentes do Príncipe de Orange. Mas havia uma flor