O que é trablho?
Por Silvia Barbara
O livro “O Professor refém” é leitura recomendável para professores, donos de escolas, diretores e coordenadores. Das trezentas páginas, dois terços destinam-se a detalhar uma pesquisa realizada com 1.172 professores de educação básica em escolas públicas e privadas de todo o país. A pauta não é pequena - progressão automática, (in) disciplina, dificuldades em sala de aula, temas transversais, avaliação, recuperação paralela, condições de trabalho -, enfim, todos os elementos que habitam – e muitas vezes atormentam – o cotidiano docente. Difícil algum professor não reconhecer a sua própria vida na maior parte das respostas.
No primeiro terço do livro, Zaguri explica por que decidiu fazer a pesquisa e expõe ao leitor o que considera as causas da crise na educação. Parte destas idéias não é inédita – muitas das questões já haviam sido exploradas em livros anteriores. A pesquisa serviu para reafirmá-las e acrescentar mais lenha na fogueira.
O mérito de Zaguri está no despudor com que ela coloca o dedo na ferida. No melhor estilo do “cansei de ser politicamente correta”, a autora desmonta mitos da educação e da estrutura escolar, respaldada pelos resultados da pesquisa.
Começa pelos motivos que a levaram ao trabalho: ela queria ouvir os professores, já que boa parte do conhecimento acumulado pelo trabalho cotidiano raramente é considerada nas tomadas de decisão dos projetos pedagógicos, questão que, para a autora, também serve para explicar um dos maiores problemas da educação.
Segundo a professora, instituiu-se nas escolas uma divisão interna de trabalho nas escolas que separou os “gestores” da educação (diretores, coordenadores) dos professores. As decisões ficaram concentradas nas mãos de um “pequeno grupo que, num dado momento, ocupa os postos de mando no quadro educacional”. Alguns destes profissionais “nunca deram aulas” e vêem os professores como “mero executores”.