O que é politica?
Política
Alberto Tosi Rodrigues
I. Resolver conflitos. II. O uso da força. III. Violento, mas legítimo. IV. Ciência política. V. Indicações de leitura. VI. Referências bibliográficas.
Resolver conflitos.
Não tem escapatória, não adianta cara feia.
Já foi decretado há muitos anos, e o decreto vale hoje mais do que nunca: “o homem é um animal político”, escreveu Aristóteles.
Desde então, tentaram muitas vezes, mas não conseguiram arranjar outro modo melhor de resolver as disputas de interesse geral. Se está em jogo alguma coisa sobre a qual não existe concordância de todos, podemos nos engalfinhar, estapear, arrebentar, bombardear, enfim, podemos até nos matar. E frequentemente nos matamos mesmo. Mas sempre que temos o bom senso de decidir que vamos resolver uma disputa sem nos matarmos uns aos outros, recorremos à política.
Claro que cada tempo, cada lugar, cada grupo, cada etnia, cada classe, cada povo e até mesmo cada pessoa vê a política por seu próprio prisma. Ela pode aparecer como algo próximo ou distante de nós, algo que acreditamos não dizer respeito a nossa vida ou algo que nos toca emocionalmente.
Para quem viveu 1940 numa pequena cidade do interior do Brasil, na condição de imigrante italiano, como meu avô, a política podia bem ser definida como a visita do delegado de polícia, que um dia inspecionou a casa e, para não sair de mãos abanando, confiscou o velho rádio de ondas longas. Afinal, o aparelho (que na verdade mal sintonizava a rádio local) poderia ser um perigoso meio de comunicação com o inimigo de guerra no além-mar. Para quem viveu 1963 na condição de uma respeitável senhora de classe média, abastada e católica, a política talvez pudesse ser melhor definida como a luta contra o perigo comunista que ameaçava apossar-se do Brasil, ou então, se fosse o membro de uma liga camponesa, a luta por “reformas de base” que diminuíssem as desigualdades sociais. Para quem viveu 1984, a política podia por certo ser definida como um