O que é história
Para o objetivo pessoal deste fichamento, esse pequeno prefácio é provavelmente o segmento mais importante. Não por acaso ainda insisto em sentir nela a melhor parte do livro. Aqui, Carr esboça com precisão dois motivos pelos quais não acredita num irremediável processo de declínio na história contemporânea, e sequer que essa sensação de declínio seja autêntica e legítima de uma maioria significativa.
Tendo esta obra sido escrita num período intermediário entre o fim da Segunda Guerra Mundial e o ápice da Guerra Fria, Carr teve oportunidade de acompanhar uma nova mudança de sentimento aparentemente geral, que foi de uma breve euforia otimista após a promissora recuperação global pós-guerra, até uma perspectiva paranóica e extremamente depressiva que tinha como vedete a ameaça de uma Hecatombe Nuclear. Detectou então um novo renascimento do pessimismo, desta vez com elementos não só inéditos mas terminais.
Entretanto expõe brilhantemente sua primeira objeção a que tal pessimismo seja de fato levado profundamente a sério pela maioria. O motivo é muito simples, se todos de fato acreditassem piamente numa perspectiva apocalíptica infalível, com certeza não teríamos o prosseguimento de pessoas vivendo de forma tão normal e tradicional, fazendo planos para o futuro, o que inclui filhos, e participando ativamente de atividades descontraídas planejadas inclusive a longos prazos. Em reforço a essa idéia, acrescento que o número de pessoas que realmente investiram seus esforços na construção de abrigos antinucleares, assim como em movimentos preventivos contra uma Terceira Guerra ou em cursos de sobrevivência em situações gravíssimas de crise, foi e ainda é desprezível mesmo nos E.U.A. Da mesma fora não se detectou nenhum aumento significativo na ocorrência de suicídios ou quaisquer outras atitudes que evidenciassem um desespero local ou generalizado em relação ao futuro. Ou seja, as pessoas continuam vivendo para tal futuro, crendo