O QUE É ETNOCENTRISMO
(Coleção Primeiros Passos, 124).
Raquel Novais Milhomem Martins
Nesse livro Rocha reflete sobre as questões culturais. É uma obra que se insere no movimento antropológico. Há a tese de que o “outro” constitui perigo constante, o medo de pensar a diferença gera conflitos e até "pré-conceito" ferindo a igualdade e a justiça. É uma obra que retrata a realidade, em que a visão do "eu" é tomada como centro de tudo e o "outro" é pensado e sentido por meio dos valores e modelos da cultura do "eu". Esse choque gerador do etnocentrismo surge da constatação das diferenças tidas como ameaçadoras. Tal tendência é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
Na primeira parte do livro, Pensando em partir, o autor apresenta como pano de fundo o choque cultural. De um lado, o grupo do "eu", que gosta de coisas parecidas; do outro um grupo diferente, o grupo do "outro", aparece como engraçado, obscuro, anormal ou incompreensível. E a cultura do grupo do "eu" é considerada melhor, superior. O "outro" é o aquém ou além, nunca igual ao "eu".
O etnocentrismo passa por um julgamento de valor da cultura do “outro” nos termos da cultura do "eu". O autor mostra o desenvolvimento de ideias que se contrapõem ao etnocentrismo, e uma das mais importantes é a relativização, que defende a validade e a riqueza de qualquer sistema cultural por defender que as categorias de valores são relativas a cada cultura.
Já na segunda parte da obra, Primeiros movimentos, é abordado o percurso de luta contra o etnocentrismo na tentativa de superá-lo. A antropologia faz um imenso esforço de perceber o
“outro”, ou seja, de compreender a diferença. Mostra que como resultado inicial da “viagem” o mundo do "eu" se deparou com o mundo do “outro”, e esse cenário foi marcado por intensa perplexidade. Foi então, que surgiu o primeiro pensamento na tentativa de explicar a