O QUE SE FALA O QUE SE LÊ
Os colonizadores portugueses acreditavam que os índios do litoral brasileiro viviam “desordenadamente”, não possuindo Fé, nem Lei e nem Rei. Essa suposição de uma ausência lingüística e de “ordem” revela o ideal de colonização trazido pelas autoridades civis e eclesiásticas portugueses: superar a “desordem”. Fazendo obedecer a um Rei com interesses materiais, difundindo uma Fé, a da Igreja da contra reforma e uma Lei, normas jurídicas fixadas pelo Estado e pela Igreja. Entretanto, a Coroa e a Igreja enfrentaram muitas resistências na América portuguesa, insistindo na ideia de que os povos do Brasil eram “bárbaros”, legitimando o ideal da colonização.
Língua, instruções e livros deveriam desenvolver-se sob a égide de um Rei, uma Fé e uma Lei. Difundiram-se entre as camadas humildes o aprender fazendo, a relação contratada em os mestres e aprendizes, vínculos informais visando o aprendizado de habilidades, ofícios e primeiras letras. Alargava-se o campo educacional, mas se empobrecia a instrução escolar. Quanto à língua, a imposição do português foi vista como forma de preservar a colônia, avançando com a passagem dos séculos. No século XVIII a educação ganhou mais importância, a Coroa ainda controlava a circulação dos livros e desenvolvia uma política de difusão do português. A sociedade Colonial passou a valorizar a instrução, o acesso aos livros em geral e as idéias proibidas.
Línguas: da polifonia e libertinagem
A língua portuguesa percorreu um longo caminho, nas décadas inicias do século XVI, foi quase esquecida devido à “indianização” do colonizador português e a presença constante de outros falares europeus. Posteriormente curvaram-se as “línguas gerais” de origem tupi-guarani, no oeste do atual Paraná e nas margens orientais do Rio Uruguai, estabeleceu-se a “língua geral guarani”, falada desde os inícios das presenças espanhola. No litoral brasileiro, no século XVI, de São Paulo até