O prazer que advêm do “pecado”
Se considerarmos prazer aquilo que é prazer antes, durante e depois, eu diria que nenhuma relação sexual que acontece em flagrante contradição contra a consciência pessoal pode dá prazer verdadeiro, embora as partes possam ter orgasmos. Mas não terão jamais gozo e êxtase.
O verdadeiro prazer se faz acompanhar de gozo e êxtase, e, ambos, não cabem na cama das angustias e do medo do flagrante ou da certeza da contradição.
O que, todavia, existe entre nós, é uma vocação ao total desequilíbrio. Isto porque há aqueles para quem nada é pecado; e há aqueles para quem tudo é pecado. Para os primeiros a experiência é de dissolução do ser, pela insistência na obediência a todas as pulsões. Já para aqueles para quem tudo é pecado, a experiência é marcada pela angustia pré-tarada, e que é combatida em nome de Deus contra o diabo, diuturnamente. O resultado é neurose ou a histeria. Mas de qualquer forma, cria-se o espaço para uma sexualidade com contornos patológicos. Como disse Paulo aos Colossenses, ambos os pólos levam ao mesmo lugar. Pois tanto a libertinagem mergulha o indivíduo na sujeição às “paixões da carne”—e que aqui designa a entrega do ser ao impulso de todas as pulsões—, como o “ascetismo”—não pegues isto, não toques aquilo, não proves aquilo outro...—, que tem aparência de sabedoria e até se apresenta como uma falsa humildade, mas, efetivamente, empurra a alma para o mesmo lugar, posto que o apóstolo e a vida nos ensinam que “não tem nenhum valor contra a sensualidade”.
Portanto, ambas as coisas, e ambos os pólos, conduzem ao mesmo lugar: à dissolução do ser, seja pela via da entrega sem resistência, seja pela via de uma resistência que acaba por se tornar tarada e compulsiva, gerando a entrega à revelia. Na realidade o chamado da Vida em Cristo é para o caminho do meio, do equilíbrio, onde todas as coisas são