O poderio das empresas multinacionais
Por: ANA GLÓRIA LUCAS, Jornalista Do «Diário De Notícias»
São mais poderosas que muitos Estados. As empresas multinacionais impõem as suas regras, sobretudo junto dos países pobres, escolhem os de mão-de-obra barata para montar as suas fábricas, poluem e exploram trabalhadores à medida dos seus interesses, sempre na lógica do lucro. E, cúmulo dos cúmulos, ainda se permitem algumas vezes exigir indemnizações a países que têm milhões de habitantes ameaçados de fome. Comecemos por definir o que é uma empresa multinacional. Segundo o Centre Europe-Tiers Monde (Cetim), um organismo sedeado em Genebra e que actua como consultor das Nações Unidas, trata-se de «pessoas jurídicas de direito privado, com múltipla implantação territorial, mas com um centro único de decisão. (...) Desenvolvem a sua actividade na produção e nos serviços, praticamente em todas as esferas da actividade humana, e também na especulação financeira. E nestas três esferas actuam simultânea, sucessiva ou alternadamente».
Mais adiante, no mesmo documento do Cetim, de Junho de 2002, pode ler-se: «As suas actividades abarcam diferentes territórios nacionais, variando com rapidez e relativa frequência os lugares em que estão implantadas, em função da sua estratégia baseada no objectivo do lucro máximo.» E, a seguir: «O carácter transnacional das suas actividades permite-lhes iludir o cumprimento das leis e regulamentos nacionais e normas internacionais que consideram desfavoráveis aos seus interesses.»
E, no objectivo de obter o máximo de lucro, objectivo esse «que não admite nenhum obstáculo», são frequentes práticas que passam pela «promoção de guerras de agressão e conflitos interétnicos para controlar os recursos naturais do planeta e favorecer a expansão e os lucros da indústria bélica», «a violação dos direitos laborais e dos direitos humanos em geral» e «a degradação do meio ambiente», para além da «corrupção de funcionários para se apoderarem dos