O Poder Idiótico
“‘Cada um no seu quadrado, cada um no seu quadrado’, é isso, meus queridos alunos, o que aquele filósofo grego muito doido quis dizer e é essa a base para a nossa filosofia moderna”. Eis que reverbera o grande ensinamento da atual sociedade, palavras proferidas por um professor que personifica momentaneamente toda a sabedoria de uma sociedade idiocrática, provavelmente em um futuro próximo, da qual o filho do leitor terá o privilégio de participar.
A Idiocracia já é uma realidade em uma certa parte da sociedade ocidental. Ela tem fundamentos lindíssimos, inabaláveis, ela seduz e vicia as mentes daqueles que só se preocupam com o mínimo de tudo e que tomam pragmatismo por preguiça estruturada, a preguiça de sair da inércia confortável da fórmula sofá-TV ordinária.
O primeiro – e talvez único – fundamento real da Idiocracia é a ilusória sensação de liberdade trazida pelos principais meios de comunicação. Numa estrutura neo-capitalista é ensinado que o padrão deste lado do mundo é o melhor pelas escolhas proporcionadas. E é instigando aquele sentimento de “eu assisto o que eu quiser e o pobrema (sic) é meu” que se alimenta o regime idiocrático. Todos têm o direito de ver o que quiser e querer o que quiser – exceto quando esses direitos referem-se a condições básicas de vida, esses são chatos e políticos e acabam com a diversão, e por Deus, ninguém jamais iria querer isso.
E diversão é a palavra-chave nisso tudo. Esse “tsunami idiotizante” que assolou a geração de jovens a qual então julgavam não politizada e compostas por rebeldes sem causa, essa adoração ao tosco, ao bizarro vazio, teve como cláusula pétrea a diversão.
Dos EUA importamos o Jackass, programa em que um ser com admirável desprezo pelos limites do ridículo realizava experimentos nele mesmo e em alguns de seus amigos. “Experimentos científicos?” questiona o leitor que ainda pode ler e assimilar informações. Óbvio que não, é tudo pela risada. Vários adolescentes que queriam