o poder da palavra literatura de resistencia
O PODER DA PALAVRA:
A RESISTÊNCIA COMO FORMA IMANENTE DA ESCRITA
Luziane Patrício Siqueira Rodrigues (UFF) luzianepatricio@yahoo.com.br RESUMO
A partir do conceito de resistência proposto por Alfredo Bosi, em “Literatura e resistência”, o presente trabalho se propõe a analisar a resistência como forma imanente da escrita e o poder da palavra presente em três obras voltadas para o público infantojuvenil: Era mais uma vez outra vez, de Glaucia Lewick, Os olhos de Ana Marta, de Alice Vieira e A chave do tamanho, de Monteiro Lobato.
Palavras chaves: Resistência. Literatura. Palavra.
1.
Introdução
“No princípio era o verbo.” A primeira frase da gênese do mundo, como narra a Bíblia, revela-nos para além das discussões que envolvem a teoria criacionista, o poder criador da palavra. “Que haja...” e eis que tudo se fez. Tal poder pode associado ao mesmo demonstrado na criação de Nárnia, que assim como na narrativa bíblica ocorre por meio da palavra. Os seres viventes surgem enquanto, Aslan, o leão, canta e, por fim, declara: “– Nárnia, Nárnia, desperte! Ame! Pense! Fale! Que as árvores caminhem! Que os animais falem! Que as águas sejam divinas!” (LEWIS, 2009, p. 64)
A literatura nasce com raízes bem fixadas no fantástico. O homem primitivo a fim de explicar os fenômenos naturais os quais não entendia, criava fabulações na maioria das vezes maravilhosas para dar conta de suas inquietudes. Por meio da palavra, novos mundos continuam sendo descortinados. Autores e contadores de histórias orais utilizam-se do ato criativo para trazerem à tona reinos distantes, países imaginários e personagens que, por vezes, habitam em nosso imaginário. A criança desde cedo se sente atraída pelo maravilhoso. Por meio da linguagem, o concreto se torna abstrato.
No entanto, a palavra não apresenta somente o poder criador, mas podemos observar que algumas vezes instaura-se como resistência, principalmente