Escola
A compreensão sobre o que seja literatura é uma construção histórico-social. Por outro lado, há uma hierarquização, fundamentada no cânone, que define e distingue a boa e má literaturas. Assim, não adianta somente gostar de ler. Na verdade, é preciso saber o que vale a pena ler. Em sua forma moderna, o conceito de “literatura” não surgiu antes do século XVIII e não se desenvolveu plenamente até o século XIX. Mas as condições para o seu aparecimento estavam se desenvolvendo desde o Renascimento. A própria palavra começou a ser usada em inglês no século XIV, seguindo precedentes francês e latino: sua raiz foi littera, do latim, uma letra do alfabeto. A literatura era então uma situação de leitura: ser capaz de ler e de ter lido. Estava, com frequência, próxima do sentido moderno da palavra inglesa literacy [alfabetização, estado de alfabetizado], que só surgiu na linguagem do século XIX, tendo sua introdução se feito necessária em parte por ter a palavra literature adquirido um significado diferente. O adjetivo normalmente associado a literature era literate [em inglês moderno, alfabetizado]. Literary apareceu no sentido de capacidade e experiência de leitura, no século XVII, e não adquiriu seu significado especializado senão no século XVIII.
Literature, como uma nova categoria, foi portanto uma especialização da área antes categorizada como retórica e gramática: uma especialização de leitura e, no contexto material do desenvolvimento da imprensa, da palavra impressa e em especial do livro. A literatura, aqui, se identifica com o romance. A compreensão desta forma literária pressupõe a contextualização histórica e até mesmo o resgate etimológico. Konder, nota que: “A palavra romance vem do advérbio latino romanice. Na Idade Média, o latim era a língua da cultura, o idioma dos intelectuais, dos clérigos, da Igreja. Os iletrados é que não falavam latim e se expressavam nos dialetos vulgares que viriam a ser as línguas neolatinas. Os