O PENSAMENTO COMPLEXO NA PRÁTICA: A ESCADA DO CONHECIMENTO
( O exemplo dos relógios Swatch)*
Humberto Mariotti**
Antes de utilizar uma técnica, seja ela qual for, é indispensável saber qual é a filosofia (o conjunto de idéias) que a orienta e quais são os métodos (os instrumentos conceituais) que se originam dessa filosofia. Dos métodos nascem as técnicas (que são instrumentos operacionais) e destas se originam os resultados. É evidente que tudo o que fazemos em busca de resultados começa no campo das idéias gerais, porque o ser humano, como escreveu o filósofo francês Blaise Pascal , pode ser frágil como um caniço quando comparado com outros componentes do mundo natural – mas é um caniço pensante. Pensar faz parte de nossa natureza e inclui, é claro, o filosofar. Mesmo as idéias súbitas, os insights,são propriedades emergentes de um processo contínuo em que a mente interage com o mundo do qual faz parte.
Imaginemos uma escada com quatro degraus. O mais alto é o do pensamento, das idéias amplas, da filosofia. A seguir vem o degrau dos métodos, ou seja, as ferramentas conceituais. O degrau imediatamente inferior é o das técnicas, isto é, as ferramentas operacionais. Abaixo dele está o degrau dos resultados. Esse conjunto forma o que denomino de “escada do conhecimento” e pode ser ilustrado segundo o esquema abaixo:
FILOSOFIA (Idéias Gerais)
¯
MÉTODOS (Instrumentos Conceituais) ¯
TÉCNICAS (Instrumentos Operacionais)
¯
RESULTADOS
Cada um desses degraus representa uma forma ou conjunto de formas de ver o mundo – um modelo ou um conjunto de modelos mentais. Em geral, as pessoas costumam se fixar em um determinado degrau e quase nunca se comunicam com os demais. Os filósofos preferem o degrau mais alto e no máximo vão até o dos métodos, dos conceitos. As pessoas ditas “práticas” costumam ficar no degrau das técnicas, mas muitas preferem o dos resultados. Portanto, os “teóricos” e os “práticos” adotam modelos mentais diferentes, que