o patriota
Hegel já havia observado que o trabalho determina a “essência” do homem. Ocorre que, segundo Marx, o autor da Fenomenologia do espírito compartilha o ponto de vista da economia política clássica, e ao ver no trabalho apenas a realização da essência humana, apreende exclusivamente seu aspecto positivo. Mas, a essa concepção ideal, é preciso acrescentar que o trabalho contemporâneo também é produtor de riqueza. Há, com efeito, um lado negativo deste trabalho, justamente o trabalho assalariado do proletário, que não realiza sua “essência”, mas, pelo contrário, submetido às exigências e preso às amarras do capital, torna-se trabalho alienado, estranhado. Nos Manuscritos econômico-filosóficos, Marx distinguia, contra Hegel, o trabalho enquanto realização objetiva (Vergegenständlichung) e como exteriorização alienada (entfremdete Entäusserung). Essa distinção é fundamental, porque ela nos permite compreender o surgimento do que István Mészáros denominou “mediações de segunda ordem”. Tais mediações, indo além do processo mediador necessário que nossa práxis estabelece com seu entorno material (como explicitado na definição marxiana de trabalho), erguem-se entre o homem e a natureza, criando