O patrimônio cultural edificado recente: o reconhecimento do legado modernista e os desafios para sua conservação
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objeto de estudo a discussão sobre a conservação do patrimônio recente, referindo-se especificamente à arquitetura modernista. A discussão inicia-se com a busca de justificativas para a preservação do legado modernista como patrimônio cultural edificado, seguido de pesquisa de soluções para os desafios de como intervir no acervo edificado desse período. Utilizando como estudo os ícones da arquitetura da escola paulista da segunda metade do século XX, pretende-se apontar o que e como esse legado deve ser conservado.
A pesquisa abrange um recorte temporal recente: inicia-se com a intensificação desse debate internacional na década de 1980; destacando a criação do International Working Party for Documentation and Conservation of Buildings, Neighbourhoods and Sites of the Modern Movement (DOCOMOMO) em
1988 na Holanda; até os anos 2000, quando ocorre a consolidação da relevância do assunto e um aumento
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progressivo de congressos, artigos e bibliografias relacionados ao tema . O artigo também acompanha esse estudo no Brasil, que ganha força na década de 1990, com o surgimento do núcleo brasileiro do
DOCOMOMO em Salvador em 1992, até a atual gestão do órgão em Porto Alegre, no Programa de pós2
graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPAR) .
1. CARACTERIZAÇÃO DO UNIVERSO DA PESQUISA:
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Segundo Batista da Costa (2012) , a origem da noção de patrimônio arquitetônico está vinculada ao
Renascimento. Nesse período, essa ideia reportava-se aos edifícios da Antiguidade Clássica, que eram vistos como monumentos históricos. Essa noção de monumento estava ligada à contemplação da arte e da arquitetura sem a devida preocupação quanto à preservação. Mas, é sob o ideário iluminista, durante a consolidação das grandes nações europeias, que se fortifica a