o papel do educador segundo wallon
Tenho trabalhado na formação de professores sob a perspectiva que educar é um ato relacional e que o professor necessita possuir em seu repertório de conhecimentos o entendimento da força mobilizadora das emoções no ato de aprender e de ensinar. A dimensão afetiva é o centro das possibilidades, tanto na construção da pessoa como sujeito social – o cidadão, quanto na construção do sujeito que aprende – o aprendiz.
Sob a perspectiva de Wallon, a emoção, além de ser um instrumento de sobrevivência, já que ela mobiliza o outro, é também contagiosa, regressiva e epidêmica, por isso a afirmação do citado autor que a emoção é, simultaneamente, social e orgânica. Ela é que viabilizará a apropriação do universo simbólico do contexto cultural, já que é pelas emoções que as costuras relacionais se efetivam. O caráter orgânico é bastante conhecido por todos: aceleração de batimentos cardíacos, algumas pessoas tremem, outras ficam vermelhas, outras têm o chamado branco, enfim...
O significado das emoções e suas repercussões têm de ser compreendidas na investigação da qualidade das relações que a pessoa estabelece. Portanto, a identificação das emoções clarifica a repercussão do gesto como desagregador ou como ativador do contexto em que esse sujeito está inserido. Para exemplificar: estava atendendo, em meu consultório psicopedagógico, uma criança agitada e desatenta. Trabalhávamos a importância dela autorregular-se em sala de aula e para isso, ela tinha de identificar a repercussão do seu gesto no grupo ao qual pertencia. Um dia ela relatou: “Acho que eu entendi uma coisa hoje... Eu estava em sala de aula quando minha borracha saiu correndo pelo corredor, eu levantei e, sem querer, derrubei todos os lápis do meu colega. Quis ajuntá-los, pisei neles e escorreguei, acabei caindo em cima de uma menina muito chata que começou a me xingar. A professora ficou louca comigo. Ela não entendeu que eu não tive culpa...”