O Nome da Rosa
Qualquer romance é susceptível de possuir as mais diversas interpretações para além daquela que as palavras escritas pelo autor efectivamente querem significar.
Como sabemos, as palavras podem ser unívocas, análogas e até equívocas, podendo dar azo ás mais variadas explicações.
No entanto, esta diversidade de significação possível, não quer dizer que todas as obras pretendam propositadamente esconder o seu sentido real e verdadeiro. Porém, embora nem todos os livros tenham como objectivo principal enganar os seus leitores, outros existem que possuem na sua construção verdadeiros labirintos, onde a sua mensagem real é muitas vezes de difícil interpretação.
Para nós não existe a menor dúvida de que "O Nome da Rosa" é uma obra labiríntica, cujo conteúdo é muitas vezes insondável, como a verdade que guarda e quiçá enganador como a mentira, não chegando, no entanto esta, a efectuar a sua aparição.
O autor chega a afirmar que "até mesmo o leitor mais ingénuo terá pressentido que se encontra perante uma história de labirintos, e não de labirintos espaciais1". Esta frase revela a verdadeira estrutura deste romance: uma história de labirintos, pois ela "ramifica-se em muitas outras histórias, todas elas histórias de outras conjecturas, todas girando em torno da estrutura da conjectura, enquanto tal. Um modelo abstracto de conjectura é o labirinto"2.
Agora se tivermos em conta que o conteúdo de uma "obra labiríntica" serviu de base a um filme, facilmente se concluí o quão é árdua a nossa tarefa de interpretação. Tarefa essa que está direccionada para o percurso palmilhado pela personagem principal deste romance, Guilherme de Baskerville, que a determinada altura da obra, pronuncia as seguintes palavras: "...A vida da ciência é difícil, e é difícil distinguir aí o bem do mal. E frequentemente os sábios dos tempos novos são só anões aos ombros de anões.3"
O desafio para a elaboração deste trabalho, onde, paralelamente teremos de "vestir a