O nariz é o sentido mais poderoso.
Com isso, para surpresa de muita gente, o olfato pode ganhar o status de sentido mais apurado de nossa espécie, ao menos no que diz respeito à sua capacidade de diferenciar um estímulo de outro. Para efeito de comparação, o olho humano consegue captar, no máximo, 7,5 milhões de cores, enquanto o nosso ouvido percebe o cheiro de diferentes tons sonoros da ordem de 350 mil.
"Ainda temos um sentido do olfato muito bom. O que acontece é que nós não o usamos mais tanto assim", declarou à Folha de São Paulo o pesquisador Andreas Keller, do
Laboratório de Neurogenética e Comportamento da Universidade Rockefeller, em
Nova York. Keller coordenou o estudo sobre o tema que está na edição desta semana da revista especializada "Science American".
"O fato de que os seres humanos são tão visuais hoje pode ter a ver com a invenção da imprensa e, mais da tarde, da luz elétrica, das TVs e dos computadores, e não ter tanta relação com processos evolutivos", diz.
GENES "FALSOS"
Durante muito tempo, graças a uma pesquisa influente realizada em 1927, o
"número mágico" de odores que as pessoas eram consideradas capazes de farejar costumava ser estimado em 10 mil.
Nos anos 1990 e 2000, conforme o genoma humano foi sendo sequenciado
, os biólogos descobriram que cerca da metade dos genes do Homo sapiens que continham o código para a produção dos receptores olfativos químicos do organismo humano nas quais as moléculas de odor se encaixam estava desativada.
Esses genes tinham virado pseudogenes, ou seja, tornaram-se uma espécie de"erro de ortografia" permanente no DNA.
Por isso, passou-se a acreditar que nossos ancestrais tinham lentamente deixado de depender do sentido do olfato, usando preferencialmente a visão, por exemplo.
Assim, a seleção natural teria relaxado sua guarda quanto à capacidade de