O mundo segundo a monsanto
Iuri Prass Bitencourte
A diretora francesa Marie Robin, baseou seu filme e o livro na empresa com sede em Saint-Louis (Missouri, EUA), que, em mais de um século de existência, foi fabricante do PCB (piraleno), o agente laranja usado como herbicida na guerra do Vietnã, e de hormônios de aumento da produção de leite proibidos na Europa.
O documentário destaca os perigos do crescimento exponencial das plantações de transgênicos, que, em 2007, cobriam 100 milhões de hectares, com propriedades genéticas patenteadas em 90% pela Monsanto.
A pesquisa durou três anos e a levou aos Estados Unidos e a países como Brasil, Índia, Paraguai e México, comparando as virtudes proclamadas dos OGM com a realidade de camponeses mergulhados pelas dívidas com a multinacional, de moradores das imediações das plantações pessoas que sofrem com problemas de saúde ou de variedades originais de grãos ameaçadas pelas espécies transgênicas.
Robin relatou em entrevistas divulgadas pela produção do filme que tentou em vão obter respostas da Monsanto para todas essas interrogações, mas que a companhia decidiu "não avaliar" seu documentário.
Um capítulo do livro, intitulado "Paraguai, Brasil, Argentina: a República Unida da Soja" relata o ingresso desse cultivo nesses países, que estão hoje entre os maiores produtores do mundo, por meio de uma política de fatos consumados que obrigou as autoridades do Brasil e do Paraguai a legalizar centenas de hectares plantados com grãos contrabandeados. A legalização beneficiou obviamente a Monsanto, que pôde cobrar assim os royalties por seu produto.
A autora também veicula no seu filme a peça publicitária na qual a Monsanto apresenta o Roundup, um herbicida utilizado no controle de ervas daninhas, como um produto “biodegradável, (que) deixa o solo limpo e respeita o meio ambiente”. Por alardear virtudes inexistentes, a Monsanto foi condenada duas vezes por propaganda enganosa: a primeira em Nova