O Mundo da Vida e as Estruturas do Mundo Científico
DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA
FLF0249 História da Filosofia Contemporânea II
Prof. Dr. Carlos Alberto Ribeiro de Moura
O Mundo da Vida e as Estruturas do Mundo Científico
O desenvolvimento da ciência moderna foi erigido sobre a distinção entre o verdadeiro conhecimento alcançado pelas teorias cientificas em contraposição com um mundo da vida dominado por manifestações errôneas acerca da real ontologia dos fenômenos. Segundo essa concepção, o engano de nossa experiência só pode ser combatido pela introdução da linguagem matemática, que de acordo com o método cientifico, permite uma objetividade racional ao afastar o perigo das interferências subjetivas que atrapalham a construção do saber verdadeiro. Assim, esse modelo epistemológico estabelecesse uma cisão entre o mundo cientifico válido objetivamente e o mundo da vida formado por fenômenos subjetivos e relativos que não possibilitam qualquer correlação correta com as qualidades essenciais das coisas.
Diante da contingência e imperfeição dos dados empíricos, a ciência moderna edificou o seu arcabouço conceitual sobre uma realidade idealizada, ou seja, como formas ideais que não remetem a nenhum elemento encontrado na experiência sensível. Tais formas são, na verdade, projeções ideais que permitem a determinação de juízos independentes de qualquer relação com o mundo da vida. A esse procedimento ligasse a designação da linguagem matemática como a única adequada a representar com precisão as abstrações cientifica em detrimento ao uso das formas lingüísticas usadas no cotidiano, pois estas são vagas e imprecisas. O que se segue é uma demarcação entre o pólo objetivo e verdadeiro composto pelas ciências matemáticas e o pólo subjetivo e vago fundado nas faculdades da experiência como a percepção. Como exemplo desta concepção da ciência como um modo de intencionalidade da consciência vinculada a realidade, podemos citar o caso da geometria. A exatidão dos objetos geométricos parece