O mito

O mito sempre busca responder a uma questão sobre a origem, sanar perguntas que buscam por uma explicação sobre a criação das coisas, aliviar uma angústia sobre o desconhecido e ocupar um espaço entre o nada e o que existe. O mito é criado para responder, ainda que responda de forma não lógica. Ele pode ser uma resposta simples, mas é a melhor resposta para aquele momento, é a resposta sobrenatural que explica o surgimento de determinada coisa. Quando o mito é recontado, ele não é simplesmente uma história longínqua sendo repetida. Ele é como se a criação acontecesse de novo, ele revive o momento da origem. O mito não é uma história falsa, ele é verdadeiro, é uma verdade inquestionável sobre a criação. O momento em que o mito é revivido é um momento sagrado.
No seu texto “Mito e Realidade”, Mircea Eliade, confirma isso quando diz:

“O mito conta uma história sagrada, ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial. Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. É sempre portanto, a narrativa de uma criação." (ELIADE, Mircea, p.11).

Além de falar sobre como o mito conta uma história sagrada e relata a origem das coisas, o trecho ressalta como o mito é a narrativa de uma criação. O fato de ser uma narrativa faz do mito algo que hoje só pode ser compreendido sob o olhar da literatura. A literatura é o lugar do mito no mundo contemporâneo. E nesse lugar ele permanece e se transforma. Os contos de fadas já são uma forma de conservação e superação do mito, ou seja, de permanência e ao mesmo tempo transformação. O mito sempre foi uma narrativa oral. Uma narrativa onde se busca o sentido das coisas.
Como as narrativas, o mito traz na sua essência o caráter exemplar, um modelo para as atividades humanas. Um modelo que pelo seu próprio caráter construtor de