O milagre urgente e o seu ritual

O Milagre Urgente e o seu ritual
Aron Giffoni
Universidade Federal de Juiz de Fora
Programa de Pós Graduação em Ciência da Religião
GT 19
O presente texto é parte componente da dissertação1 de mestrado que venho produzindo, e se baseia na observação feita nos cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus2 e na conversa com os aderentes3 à Igreja. Nesse texto tentamos descrever ritos encontrados nos cultos da IMPD, em especial o culto da terça-feira, intitulado Terça-Feira do Milagre Urgente.
O milagre, dentro da IMPD, é entendido com um sentido mais amplo, não se restringindo apenas a curas de ordem fisiológica ou mental, e sim como sendo qualquer atuação de Deus na vida das pessoas. Isso nos fez escolher este culto, em especial, pois ele é voltado principalmente para quem busca essa intervenção divina.
Muito já se falou na antropologia sobre rituais, e faremos aqui também uma explanação sobre o que julgamos importante para essa pesquisa no que tange a essas teorias.
A partir da teoria interpretativa de Clifford Geertz (1997; 2012), fomos ao Templo dos
Milagres de Juiz de Fora, sempre tendo em mente que, o que colhemos dos informantes será apenas outra interpretação do que eles próprios entendem sobre os rituais e as práticas de cura. O que importa é a interpretação do modus vivendi desse recorte que escolhemos
(GEERTZ, 1997). Geertz defende que o conceito de cultura é semiótico, ou seja, “acreditando como Max Weber, que o homem é um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu, assumo a cultura como sendo essas teias” (GEERTZ, 2012, p.4). A análise dessas teias deve ser feita por uma ciência interpretativa que busca analiticamente os significados, e não por uma ciência experimental que busca leis. E o método que julgamos mais adequado à análise interpretativa da antropologia é a descrição densa. A importância da etnografia feita através da descrição densa está em perceber as particularidades, os detalhes, através das
seguintes