O Mercado de Trabalho e as Dificuldades de Organização do Negro
O Brasil foi um dos últimos países a acabar com o regime da escravidão. A economia brasileira ingressou tardiamente no capitalismo, resultado de um processo lento e gradual do desenvolvimento das forças produtivas culminando com a Abolição em 1888. Assim, permaneceu uma economia capitalista exportadora de produtos agrícolas.
A elite escravocrata insistia na importação de trabalhadores europeus com o intuito de promover o branqueamento social. Como mudança importante na economia brasileira, surgiu a incapacidade de incorporar o trabalhador negro no mercado de trabalho como assalariado.
O negro vivia em desumanas condições de vida. A elite defendia que os ex-escravos eram incapazes de exercer tarefas mais elaboradas, renegando o fato de que foram eles a mais importante força produtiva da economia brasileira e responsáveis pela produção da riqueza nacional.
Dois fatores básicos foram geradores da condição de vida do negro: a falta de interesse do proprietário de escravo em forçar o negro a aprender técnicas de produção mais avançadas e o desinteresse dos próprios negros em se tornarem mão-de-obra qualificada, que realizavam suas tarefas rotineiramente, pois não obtinham nenhum resultado positivo de seu trabalho.
A crescente entrada de grande número de imigrantes no mercado de trabalho contribuiu para reforçar a tendência do ex-escravo se tornar mão-de-obra excedente, constituindo um exército industrial de reserva.
Mesmo após a abolição, o negro não conquistou condições financeiras que lhe permitissem tornar-se proprietário.
“(...) os ex-escravos abandonam as fazendas em que labutavam, ganham as estradas à procura de terrenos baldios em que pudessem acampar. (...) Não podiam estar em lugar algum, porque cada vez que acampavam, os fazendeiros vizinhos se organizavam e convocavam forças policiais para expulsá-los (...).” (RIBEIRO, DARCY. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil, São