O medo como instrumento de gestão
1 O estudo investiga a gestão do medo como instrumento de coerção nas organizações públicas, a partir da abordagem dejouriana. Parte-se do pressuposto de que, a partir da Reforma do Estado empreendida no Brasil em 1995, cujo modelo apóia-se na adoção do Contrato de Gestão, Política de Demissão Voluntária e privatização de empresas estatais, o medo institui-se como ferramenta de gestão utilizada pela administração como forma de obter-se maior produtividade no trabalho. Entende-se, que a partir da Reforma do Estado, a possibilidade de precarização e perda dos empregos tornam-se uma realidade para o funcionário público, trazendo para o seu cotidiano de trabalho o sentimento de medo, o que determina como objetivo central identificar os efeitos da gestão do trabalho por meio do medo em suas dimensões institucional; ambiental e comportamental, na psicodinâmica dos indivíduos a ela submetidos. Metodologicamente adotou-se uma abordagem qualitativa. O levantamento de dados deu-se por meio de entrevistas semi-estruturadas e os dados foram analisados através da técnica de análise de conteúdo. Foram entrevistados doze funcionários da Companhia Rio-grandense de Mineração. O estudo de caso único permitiu explorar em profundidade o fenômeno observado. Da análise dos dados resultaram as seguintes categorias de análise: O medo institucional: a dimensão organizacional; O medo do mercado: a dimensão ambiental; O medo da demissão: a dimensão comportamental.
Introdução
No Brasil, a partir de 1995, torna-se consensual a constatação de que é fundamental repensar a direção e a intensidade da ação do Estado e o seu papel como instrumento do processo de modernização e desenvolvimento da sociedade brasileira. Na busca do aumento da eficiência, da eficácia e da melhoria da qualidade dos serviços, estabelece-se como uma tendência dominante, na