O Manifesto da Transdisciplinaridade
O Manifesto da Transdisciplinaridade
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Basarab Nicolescu
Amanhã será tarde demais
Duas verdadeiras revoluções atravessaram este século: a revolução quântica e a revolução informática.
A revolução quântica poderia mudar radical e definitivamente nossa visão do mundo.
E, no entanto, desde o começo do século XX nada aconteceu. Os massacres dos homens pêlos homens aumentam sem cessar.
A antiga visão continua senhora deste mundo. De onde vem esta cegueira? De onde vem este desejo perpétuo de fazer o novo com o antigo? A novidade irredutível da visão quântica continua pertencendo a uma pequena elite de cientistas de ponta. A dificuldade de transmissão de uma nova linguagem hermética — a linguagem matemática — é, sem dúvida, um obstáculo considerável; porém não intransponível. De onde vem este desprezo pela
Natureza, que se pretende, sem nenhum argumento sério, muda e impotente no plano do sentido de nossa vida?
A revolução informática, que se desenrola diante de nossos olhos maravilhados e inquietos, poderia levar a uma grande liberação do tempo, a ser assim consagrado à nossa vida e não, como para a maioria dos seres sobre esta Terra, à nossa sobrevivência. Ela poderia levar a uma partilha de conhecimentos entre todos os humanos, prelúdio de uma riqueza planetária compartilhada. Mas, aí também, nada acontece. Os comerciantes apressamse para colonizar o espaço cibernético e profetas incontáveis só nos falam dos perigos iminentes. Porque somos tão inventivos, em todas as situações, em descobrir todos os perigos possíveis e imaginários, mas tão pobres quando se trata de propor, de construir, de erguer, de fazer emergir o que é novo e positivo, não num futuro distante, mas no presente, aqui e agora?
O crescimento contemporâneo dos saberes não tem precedentes na história humana.
Exploramos escalas outrora inimagináveis: do infinitamente pequeno ao infinitamente grande, do infinitamente curto ao infinitamente longo. A soma dos