Nicolescu

O MANIFESTO DA TRANSDISCIPLINARIDADE
Resenha de Adriano J. H. Vieira
NICOLESCU, Basarab. Manifesto da Transdisciplinaridade. Lisboa: Hugin, 2000.

No momento de grande florescimento de questões acerca do pensamento moderno, da razão instrumental e da tecnociência o físico francês Basarab Nicolescu, em sua obra “O Manifesto da Transdisciplinaridade” nos oferece muitos elementos de consistência epistemológica para ampliarmos e aprofundarmos o debate contemporâneo sobre o conhecimento e suas tangencialidades.
Nicolescu toma o cuidado de apresentar o recém gerado termo transdisciplinaridade como algo distinto da pluridisciplinaridade e da interdisciplinaridade. O termo aparece no cenário da epistemologia há uns trinta anos “para traduzir a necessidade de uma alegre transgressão das fronteiras entre as disciplinas, sobretudo no campo do ensino, para ir além da pluri e da interdisciplinaridade” (p. 5). Vai deixando claro ao longo do texto que a transdisciplinaridade não se trata de uma nova disciplinada, de um algo a mais, mas é uma abordagem, uma perspectiva que busca resgatar o indivíduo e sua esperança.
Duas revoluções marcaram o século XX: a revolução quântica e a revolução informática.
Apresenta questionamentos quanto a incorporação e aceitação desta primeira, apontando como conseqüências cisões entre ser humano e natureza e uma progressiva destruição desta realidade viva. Já a revolução informática que tem um respaldo promissor de possibilitar um humano mais pleno, pois, em tese, as facilidades tecnológicas oferecem mais tempo para uma efetiva qualidade de vida. No entanto a tecnologia cai num comercialismo sem fim que reforça os mecanismos de submissão a uma visão destrutiva (de sobrevivência). Mesmo que a humanidade tenha vivido outras crises nunca esteve na iminência de uma destruição sem retorno, como a que vivemos hoje.
“Na era da razão triunfante, o irracional é mais atuante do que nunca” (p. 8).
A possibilidade de destruição abrange três dimensões: material,