O jardim da delicias terrenas
É a pintura mais famosa da coleção de nove de Hieronymus Bosch que Filipe II reuniu em El Escorial.
A princípio ao quadro denominou-se Uma pintura sobre a variedade do mundo. Logo, o "Quadro das fresas", denominação que se deve ao monge do Escorial José de Sigüenza, o primeiro crítico da obra. Poleró, que propõe em 1912 uma catalogação das obras do Museu do Prado, denomina o trítico Dos deleites carnais. De aí sai a sua denominação atual de "Jardim das delícias" ou "Das delícias terrenas". Foi transladado ao Museu do Prado em 1936 para a sua proteção devido à Guerra civil espanhola. Depois da guerra, por desejo de Franco entrou a fazer parte das coleções do Prado.
Análise do trítico:
O quadro fechado: Na sua parte exterior alude ao terceiro dia da criação do mundo. Representa um globo terráqueo, com a Terradentro de uma esfera transparente, símbolo, segundo Tolnay, da fragilidade do universo. Há apenas formas vegetais e minerais, não há animais nem pessoas. Está pintado em tons grises, branco e preto, o que se corresponde a um mundo sem o Sol nem a Luaembora também seja uma forma de conseguir um dramático contraste com o colorido interior, entre um mundo antes do homem e outro povoado por infinidade de seres (Belting)
Tradicionalmente, a imagem que amostra o trítico fechado interpretou-se como o terceiro dia da criação. O número três era considerado um número completo, perfeito, já que em si mesmo encerra o princípio e o fim. E aqui, ao se fechar, transforma-se, no número um, no círculo: de novo nos permite vislumbrar a perfeição absoluta e, talvez, a trindade divina. No canto superior esquerdo aparece uma pequena imagem de Deus, com uma tiara e a Bíblia sobre os joelhos. Na parte superior pode-se ler a frase, extraída dosalmo 33, IPSE DIXIT ET FACTA S(OU)NT / IPSE