O inato e o adquirido do genero
É já frequente ouvirmos aquela afamada frase que um verdadeiro génio é 5% talento e 95% de trabalho. Será? Pergunto eu (embora deixe já aqui clara a minha plena convicção que assim seja). Como podemos nós medir a relevância do inato e do social? Em que medida é que a nossa compleição genética pode de algum modo ser determinante ou decisiva na nossa estruturação cognitiva e, por arrastamento, na percepção que cada um de nós irá eventualmente ter daquilo que nos rodeia, na forma como encaramos a nossa vida e no seu impacto sobre as nossas capacidades, que podemos leigamente designar de “dom natural” (ou falta dele)? E ao acreditar neste seu carácter peremptório de que forma é que podemos não dizer que as nossas vidas estão de certa maneira já elas pré programadas? Que este tal de “património hereditário” não vai traçar prematuramente certas e determinadas características ou se quisermos orientações para um certo tipo de comportamentos, atitudes, maneiras de pensar, agir ou ver o mundo? Estas perguntas parecem-me particularmente pertinentes embora difíceis de responder. Ora colocarmos essas questões em termos quantificáveis seria complicado porque avaliarmos percentualmente a importância que cada um deles desempenha parece-me a mim algo irrealista até para o maior dos matemáticos a conviver com o maior dos psicólogos, principalmente se tivermos em conta que se trata de uma questão circunstancial. É por isso importante entendermos a frase que inicialmente referi, de uma perspectiva mais metafórica, por assim dizer, do que propriamente científica.
Podemos contudo colocar a matemática de lado e tentar perceber a sua relevância de outra maneira. Ao acreditar convictamente na desmedida importância do social na formação do indivíduo não pretendo, quase que de forma discriminatória, descartar o impacto daquilo que nos é inato. Pelo contrário, penso que existem situações em que é evidente o seu contributo decisivo. Pegando numa situação