O idealismo pessoal de John Rawls
Alessandra Bombassaro
A obra Uma Teoria da Justiça representa o resultado de um continuado esforço, no sentido de apresentar um modelo de justiça que seja alternativo ao modelo utilitarista, dominante na tradição ocidental. A exposição sobre a idéia que Rawls atribui à concepção de pessoa, a partir de sua obra é elaborada a partir da maneira como os cidadãos são vistos na cultura pública de uma sociedade democrática, como um sistema eqüitativo de cooperação em benefício de todos os cidadãos livres e iguais1.
No entanto, esta concepção de pessoa e democracia, não é exclusiva a sociedade moderna, já na antiga Grécia, a prática de cidadania era própria da atividade intelectual da alma humana. Segundo as tradições aristotélicas, a dignidade do homem seria proporcional à sua capacidade de pensar e de conduzir a própria existência desde a razão. Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer suas funções públicas2.
Desta forma, esta perspectiva cosmológica grega possibilitará também a primeira abordagem do conceito de dignidade do homem. Nesse sentido, o conceito de dignidade é um dos mais relevantes para as reflexões ética, política e jurídica. Portanto, a dignidade não é algo que se aplica exclusivamente ao ser humano, mas, quando se fala em dignidade humana, é impossível deixar de lado o conceito de pessoa, que provoca uma variedade de questionamentos de ordem ontológica, antropológica, ética e bioética. .
Sendo assim, para a fundamentação do idealismo pessoal de Rawls é considerável primeiramente realizar um breve resgate do conceito de pessoa nos autores que foram base estrutural para a formulação das teorias deste autor. A origem etimológica da palavra pessoa encontra-se no termo grego prosôpon, que, longe de possuir um sentido ontológico, se referia à máscara que os atores utilizavam em suas representações teatrais.
Apesar de Platão (cerca de